Esplanada (5)
Há meia hora que estou só na esplanada. O vento traz frio e silêncio. Existem as habituais cadeiras e mesas de plástico, mas outras são de madeira. É nestas que prefiro sentar-me. Aproximam-se de um design racionalista de outrora. Quase ninguém repara nelas. Contrariando um dito conhecido de Wilde, um objecto útil é digno de admiração porque nenhum objecto útil esgota a categoria mental que se lhe associa. A categoria mental cadeira permite variadíssimas cadeiras. O design é ter talento para mostrar esta liberdade. Olha, estou em digressão especulativa, e ainda por cima ligeira ... Às tantas, a Filosofia não apareceu por genuína amizade ao conhecimento, mas por necessidade de uma audiência, nem que imaginada e uma ou outra vez realizada...
Chegou um casal, mas, coincidência significativa: ambos são mudos numa esplanada silenciosa. Ficarei mais um tempo. O café (vou no segundo) é quente, aromático e delicioso.
Chegou um casal, mas, coincidência significativa: ambos são mudos numa esplanada silenciosa. Ficarei mais um tempo. O café (vou no segundo) é quente, aromático e delicioso.
3 Comments:
gosto de esplanadas
a tua pareceu-me fria, silencisa, quieta, vazia ... mas afinal estavas lá tu na cadeira de madeira... e claro q escrevemos e filosofamos para que nos leiam/oiçam
jocas, gosto dos teus posts
Excelente espaço este! Sereno e com rumorejar de água por fundo, sem que impeça reinventar o silêncio.
Tati
Metacomentando,
Marakoka:gosto do frio e do silêncio. Por exemplo, a neve é silenciosa quando cai e quando fica.
Tati:"reinventar"... aí está uma palavra muito significativa para mim.
Alfinete de Peito: o teu comentário sugere-me que os compositores são dos primeiros a perceber que o o silêncio tem de ser criado (e não me refiro sequer a 4'33'' de John Cage mas a Strings Quartet de Peter Ruzcika onde o silêncio habita com a música)
Agradeço os vossos comentários. São um alento.
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