!DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd"> nese-nese: Tempo

4.04.2006

Tempo

O dedo médio está curvado e sustido firmemente pelo polegar. Os três restantes estão eriçados como pêlo de cão agressivo. A mão, entretanto levantada pelo braço, está preparada para desferir o golpe. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete. Sete segundos e plam! O dedo médio acertou em cheio nos óculos do outro. Os óculos saltam mas lá ficam de novo assentes no nariz e nas orelhas. Os olhos, esses, ainda procuram a posição estacionária que o golpe perturbou. Mas... sete segundos? É muito para um acto ofensivo. Há tempo de opor uma defesa eficaz. Mas será que o tempo do golpe reina absoluto para agigantar a profunda humilhação? E esse nó de tempo que aparece a seguir à ausência de «bom-dia» que a mulher ao balcão da estação dos correios nos oferece? «Bom-dia» demora meio segundo e esse nó é eterno. E o leve sorriso da pessoa amada a meio da noite? Demora um segundo e meio e absorve o tempo de toda a noite. E o que valem os biliões de anos passados entre a era pré-câmbrica e o início do século XXI senão o tempo de um simples estalar de dedos? O tempo só é entidade neutra porque os suíços resolveram fazer relógios. Não toparam que o tempo brinca, que é cruel, que ama e que dorme.



Nota: Desde a sexta feira passada desejo que os Gato Fedorento passem a fazer parte do meu tempo. Adorei os textos e as representações. Estou rendido. Actualmente, apresentam o melhor humor em Portugal. Daqui a nada vou pôr-me em frente à televisão porque vai começar...

1 Comments:

Blogger Su said...

o tempo....sempre o tempo.....

jocas maradas de tempo

13/4/06  

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