!DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd"> nese-nese: Macaréu

12.31.2004

Macaréu

Ditadores sanguinários como Estaline sustentam que «uma morte singular é uma tragédia, um milhão é uma estatística». É verdade! Mas só enquanto não aparece uma velha faculdade humana: narrar o sucedido. As histórias que o macaréu asiático levantou começaram a mostrar a condição trágica e cómica do ser humano:
- deslumbrado, sorri para a onda que o vai trucidar de imediato;
- espectador, filma e fotografa a morte alheia como se a onda e os outros aceitassem a condição de actores em cena;
- assustado, oferece o que tem para se salvar, quem sabe se com estas palavras: «Daria agora quarenta léguas de mar por um are de terra estéril - com longas urzes, tojos castanhos, qualquer coisa. Que as vontades supremas sejam feitas mas gostaria mais de ter uma morte seca»
- heróico, ignora o perigo e salva o seu próximo;
- desesperado escolhe quem salvar;
- despedaçado, chora quem amou e perdeu;
- inocente, flutua nas águas até ser recolhido;
- desesperançado enterra as crianças levadas.
O macaréu só foi longe de quem não tem compaixão ou de que não sente que o Outro sou Eu.