Esperança no feminino
Finalmente, os políticos competentes talvez venham aí! Alguém poderá esclarecer-me o que é um político competente?
Eu gosto tanto de Portugal. Adoro a paisagem, a gastronomia, as pessoas, as pronúncias, e, sobretudo, e sobretudo a nossa língua. Adoraria ser por uns instantes um qualquer estrangeiro que nada entendesse de português para poder saborear os seus sons. Só os sons. Não necessitaria de um emaranhado de argumentos tal como Umberto Eco tece para descobrir a língua perfeita. Bastar-me-ia dizer que é perfeita porque é suave, clara, bela e triste a norte, e linda e alegre mais perto do equador. Aqui, ouvi-la é um convite para dançar.
O problema é que o estrangeiro que às vezes sou recorda-me o outro lado do nosso Portugal: incumpridor nos horários, calendários, regras de trânsito e deveres fiscais; desesperante quanto à saúde, justiça e educação; desorganizado e burocratizado cultiva o jeitinho e o inevitável desenrascanço. Lá vai tendo aqui e acolá uns notáveis que ajudam a construir uma ténue auto-estima, mas aparece sempre alguém a deitar tudo ao charco dizendo coisas como:
- Os dois prémios nobel são para esquecer. Um mutila o cérebro, o outro mutila o romance. Na bola, francamente, Zidane é muito melhor que Figo. Não sabemos ensinar devidamente as ciências e alguns gurus intelectuais anexam tudo à sociologia e dizem que todo o conhecimento é autoconhecimento. Boa receita para ensinar a Física! Nas ciências? Sim, lá vai tendo uns nomes sonantes mas se estiverem fora de Portugal porque aqui definhavam. Nas Letras? Onde estão os dramaturgos? Onde param os romances com diálogos? Obras? Sim, tem vários IP's que são autênticos atalhos para debaixo da terra! Sim, tem vários centros comerciais onde as famílias alegre e irresponsavelmente se endividam até falirem. Na arquitectura? Sim há também uns nomes mas nada como um Frank Lloyd. Nas artes? É melhor esquecer. Portugal é bom, mas é para descansar.
Ora, eu cá ainda sinto esperança no futuro. Sem qualquer ironia: espero que aí venham políticos competentes. Uma mulher primeiro ministro seria mais motivo de esperança. Ergo o meu copo de whisky - a que pouco estou habituado, confesso - e bebo para que a esperança seja no feminino!
Eu gosto tanto de Portugal. Adoro a paisagem, a gastronomia, as pessoas, as pronúncias, e, sobretudo, e sobretudo a nossa língua. Adoraria ser por uns instantes um qualquer estrangeiro que nada entendesse de português para poder saborear os seus sons. Só os sons. Não necessitaria de um emaranhado de argumentos tal como Umberto Eco tece para descobrir a língua perfeita. Bastar-me-ia dizer que é perfeita porque é suave, clara, bela e triste a norte, e linda e alegre mais perto do equador. Aqui, ouvi-la é um convite para dançar.
O problema é que o estrangeiro que às vezes sou recorda-me o outro lado do nosso Portugal: incumpridor nos horários, calendários, regras de trânsito e deveres fiscais; desesperante quanto à saúde, justiça e educação; desorganizado e burocratizado cultiva o jeitinho e o inevitável desenrascanço. Lá vai tendo aqui e acolá uns notáveis que ajudam a construir uma ténue auto-estima, mas aparece sempre alguém a deitar tudo ao charco dizendo coisas como:
- Os dois prémios nobel são para esquecer. Um mutila o cérebro, o outro mutila o romance. Na bola, francamente, Zidane é muito melhor que Figo. Não sabemos ensinar devidamente as ciências e alguns gurus intelectuais anexam tudo à sociologia e dizem que todo o conhecimento é autoconhecimento. Boa receita para ensinar a Física! Nas ciências? Sim, lá vai tendo uns nomes sonantes mas se estiverem fora de Portugal porque aqui definhavam. Nas Letras? Onde estão os dramaturgos? Onde param os romances com diálogos? Obras? Sim, tem vários IP's que são autênticos atalhos para debaixo da terra! Sim, tem vários centros comerciais onde as famílias alegre e irresponsavelmente se endividam até falirem. Na arquitectura? Sim há também uns nomes mas nada como um Frank Lloyd. Nas artes? É melhor esquecer. Portugal é bom, mas é para descansar.
Ora, eu cá ainda sinto esperança no futuro. Sem qualquer ironia: espero que aí venham políticos competentes. Uma mulher primeiro ministro seria mais motivo de esperança. Ergo o meu copo de whisky - a que pouco estou habituado, confesso - e bebo para que a esperança seja no feminino!
eubozeno 01:14
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