Esplanada (6)
Já o vira antes. Velho, metido em fato de feira, cheio de caspa, com problemas de pele, tentáculos pilosos nas sobrancelhas e nos ouvidos, pingo no nariz, queixume e lentidão nos movimentos, falhas de memória, olhar perdido, só, teso e com a vida «fxdida». Todos lhe conhecem o desejo: «ter um enterro bonito!» Todos sabem que não se cumprirá. Aceitou calado a oferta de um café. Tomou de pé ao balcão e foi embora. Não agradeceu, nunca o fez, ninguém se ofende. É tão certinho ao sábado de manhã às dez como a imagem num espelho. A esplanada dissolveu-se mas o café continua na mesma: quente, aromático e delicioso!
1 Comments:
fiquei a conhece-lo...dei por mim fazendo careta com a tua descrição tão real... mas depois pensei, que nem "um enterro bonito" numa vida já fodida ! ele nem deve/pode agradecer... nem ninguem se ofender
gosto dessa esplanada como já o disse
jocas maradas com café
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