DIS-CI-PLI-NA!
A primeira coisa que fiz foi sorrir. A segunda foi cuspir ligeiramente para as mãos. A terceira foi dar uma bo-fe-ta-da na atmosfera. Ah se assentasse na fronha de um desses delinquentezinhos indisciplinados que pululam por tudo quanto é escola ou amostra disso! Quase fiquei em transe e com as minhas faces ruborizadas só de pensar quão belo e quão eficaz seria este correctivo ensaiado na atmosfera! Oportunidades não faltarão! É preciso DIS-CI-PLI-NA! DIS-CI-PLI-NA, ouviram? Bendito acórdão do supremo tribunal de justiça!!! Em boa hora se lembrou de todos quantos, como eu, estavam confinados às sanções lógicas, «se partes o prato, tens de comer na malga», mas o que é isto? Agora é «se partes o prato, levas no focinho, que é para aprenderes!!!!» Eu nunca senti culpa por gostar de bater, confesso. Mas este ambiente de transformar um necessário tabefe - que, no fundo, mais não é uma prova de amor pela pessoa que castigamos - em uma autêntica criminalização e demonização de quem o aplica, apenas castrava a verdadeira educação. A que nos liberta da espontaneidade animalesca com que nascemos e nos transforma em cidadãos racionais e cultos. DIS-CI-PLI-NA!!! Eu nem estou em mim!!! Pus-me logo a divagar, de dentes cerrados, no que agora poderei fazer - mas con-ti-da-men-te, tal com um bom pai, note-se. Dar um coque, agarrar com a mão as duas faces de um garoto, torcer as orelhitas, aplicar um correctivo com a ponta dos dedos, um pontapézinho de vez em quando! Mal posso esperar! E dizer «arranco-te os miolos, frito-os em azeite e como-os»! Pode parecer exagerado, mas se não houver medo não há mudança. E como eu sei dizer bem esta frase! O nosso supremo tribunal de justiça abriu o caminho. E àqueles que a sentiam, extirpou-lhes a culpa. Senhores juízes estou-lhes tão grato que aplico correctivos, de graça, aos vosso filhos. Concedam-me, por obséquio, a satisfação desta minha disponibilidade.
Quando me preparava para escrever um texto onde pretendia manifestar a minha profunda discordância com a posição do STJ, surge-me a "confissão" acima publicada. Louvores desmesurados e apoios ultra-entusiastas podem, paradoxalmente, ter melhor efeito crítico que o debate racional. Oxalá.
Quando me preparava para escrever um texto onde pretendia manifestar a minha profunda discordância com a posição do STJ, surge-me a "confissão" acima publicada. Louvores desmesurados e apoios ultra-entusiastas podem, paradoxalmente, ter melhor efeito crítico que o debate racional. Oxalá.
eubozeno 02:23
2 Comments:
gostei de ler todo este texto cheio de ironia, mas...
eu sou contra a violencia, mas....
há horas que determinados comportamentos de menores mal educados me tornam uma vera mulher bomba:)))))))))))))
o exemplo das escolas onde o poder do prof passou do 88 para o 8...agora o normal é o prof ser batido pelo aluno e ainda pelo a.normal do pai/mãe dele.....
ops sejamos corentes, a falta de educação, regras e disciplina existe e infelizmente ...esses seres vão crescer e vão-se tornar adultos horrendos ..... já temos muitos assim....
jocas maradas de marar
ops eu só vinha desejar.te uma feliz páscoa:))))))))))))))
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