!DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd"> nese-nese: Os melhores de 2003 (1)

2.18.2004

Os melhores de 2003 (1)

No ano passado, o melhor livro que eu li - «and this is very important» (tal como dizia Yaphet Kotto, interpretando a personagem desse enorme ex-presidente do Uganda e campeão nacional de boxe, chamado Idi Amin Dada, que se autoproclamou marechal e presidente vitalício, até, claro, ser destronado por outro qualquer vitalício; a interpretação de Yaphet pode ser vista num filme intitulado algo parecido a Raid Sobre Enttebe que transformou em mito militar a operação israelita de libertação de reféns aprisionados no aeroporto daquela cidade ugandesa pelos amigos do terror habituais e com a cumplicidade do marechal, na década de 70... mas, é ver o filme...)
Bom, continuando, o melhor livro que eu li, em 2003, é ... hum, qual hei-de escolher? Um título de Musil? Broch? Entre um bom Broch e um divinal Melville, a escolha é difícil. Melville tem a vantagem de nos levar a exclamar: O mar! O mar! Broch... ah, Broch, quem, afinal, o aprecia? E porque não a Balada do Café Triste de Carson McCullers? Ou Barry Lopez? José Cardoso Pires? Raúl Brandão? Chaucer? Dante? Em qualquer um dos casos, sempre mostraria como me dedico a literatura séria, pesada, terreno onde só uns poucos felizardos conseguem mover-se. E um Malcolm Bradbury? Eating People is Wrong não; ainda nem o comprei nem o li. Mas History Man poderia ser, e sempre me mantém perto de um estatuto cultural elevado, além de me permitir dizer que a ironia cessa com a perda, sobretudo com a morte. Não sei qual foi o melhor. Aliás, nem sei se qualquer um dos citados foi publicado em Portugal durante 2003. A mim basta-me ler, fruir sem explicar. Não contesto texto algum que nasça do impulso inventivo do momento após uma leitura, contesto a pretensão de explicar a obra. Explicar exige análise, dissecação, e o movimento que vale a pena é precisamente o contrário: a partida para a invenção. Merece a pena ler, merece a pena escrever. O melhor? Que mania esta dos pódios!
Uma das vantagens do blog, além da liberdade, é sermos lidos sem dizermos quem somos, ou seja, sem dizermos os dados do BI. Isto da identidade tem que se lhe diga, por muito que se executasse o autor. O que pretendo afinal?! ..... Uma cerveja cujo primeiro trago deteste! Pode ser?