Mais um post com pó
O gosto e o juízo fixes
Um conhecido compositor português, já falecido, monologou com uma estátua de Bruckner para um programa de televisão. Nesse monólogo afirmou «Não gosto da tua música». O conhecimento e a competência do compositor autorizavam, aparentemente, tal opinião. Não me recordo se o compositor entrou em considerações técnicas para mostrar que a música de Bruckner não é digna do seu e do gosto alheio. Estou que não, mas não tenho a certeza. Inclino-me a pensar que é o gosto a determinar a apreciação, mais ou menos definitiva, de uma obra de arte. O juízo estético fica sempre matizado por essa reacção afectiva primeira a que damos o nome do gosto. À primeira vista, o juízo baseado nas opções estético-formais é o trabalho intelectual do crítico que determinaria o gosto; o seu e, desejavelmente, o do público. Os desencontros entre o gosto do público e o dos críticos apoia a necessidade da distinção entre juízo e gosto. Creio que vários estudiosos aceitam esta distinção porque lhes demarca um território de análise e, claro está, um poder que emana do conhecimento técnico que lhes valida a opinião, e com o qual influenciam o público. Acho, porém, que a prática não confirma esta distinção porque vários textos de crítica alicerçam-se em adjectivos ou em significados psicológicos do conteúdo da obra. A limitação de uma análise adjectivante testa-se pela possibilidade da substituição de "fabuloso", "espectacular", "fenomenal", etc., por um só adjectivo: fixe. A limitação da segunda é que fora uns laivos mitológicos e psicanalíticos, mais ou menos misturados, não há muito mais para dizer. Resta, talvez, uma terceira: criar um texto a partir da obra - gostemos ou detestemos- ou, ainda, falarmos para uma estátua que talvez nos ouça, mesmo que não responda. Ou seja, talvez que o trabalho de um crítico seja criar uma opinião de gosto e juízo nem que o seu destinatário seja uma estátua. Se ela se mover a crítica foi poderosa ou fixe!
Um conhecido compositor português, já falecido, monologou com uma estátua de Bruckner para um programa de televisão. Nesse monólogo afirmou «Não gosto da tua música». O conhecimento e a competência do compositor autorizavam, aparentemente, tal opinião. Não me recordo se o compositor entrou em considerações técnicas para mostrar que a música de Bruckner não é digna do seu e do gosto alheio. Estou que não, mas não tenho a certeza. Inclino-me a pensar que é o gosto a determinar a apreciação, mais ou menos definitiva, de uma obra de arte. O juízo estético fica sempre matizado por essa reacção afectiva primeira a que damos o nome do gosto. À primeira vista, o juízo baseado nas opções estético-formais é o trabalho intelectual do crítico que determinaria o gosto; o seu e, desejavelmente, o do público. Os desencontros entre o gosto do público e o dos críticos apoia a necessidade da distinção entre juízo e gosto. Creio que vários estudiosos aceitam esta distinção porque lhes demarca um território de análise e, claro está, um poder que emana do conhecimento técnico que lhes valida a opinião, e com o qual influenciam o público. Acho, porém, que a prática não confirma esta distinção porque vários textos de crítica alicerçam-se em adjectivos ou em significados psicológicos do conteúdo da obra. A limitação de uma análise adjectivante testa-se pela possibilidade da substituição de "fabuloso", "espectacular", "fenomenal", etc., por um só adjectivo: fixe. A limitação da segunda é que fora uns laivos mitológicos e psicanalíticos, mais ou menos misturados, não há muito mais para dizer. Resta, talvez, uma terceira: criar um texto a partir da obra - gostemos ou detestemos- ou, ainda, falarmos para uma estátua que talvez nos ouça, mesmo que não responda. Ou seja, talvez que o trabalho de um crítico seja criar uma opinião de gosto e juízo nem que o seu destinatário seja uma estátua. Se ela se mover a crítica foi poderosa ou fixe!
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