!DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd"> nese-nese: Beslan

9.03.2004

Beslan

Tocou-me aquela imagem do homem em lágrimas desesperadas a segurar o corpo ensanguentado da menina. Há outras e de outros locais, como aquela do pai protegendo, em vão, o filho, das balas israelitas; aquela do prisioneiro iraquiano encapuzado afagando o menino, ou aquela da mulher colombiana vivendo o pesadelo do sequestro interminável do seu marido. Há outras, demasiadas. Hoje a imagem vem de Beslan, na Ossétia do Norte.
Só pode haver um diálogo com um terrorista: o que permite saber como o manietar. Se ele morrer, lamentarei porque não pôde sentir a culpa do seu acto. Causa alguma o poderá desculpar. Há uma semelhança entre um terrorista e um assassino: ambos matam para serem notados. Só falta saber se ambos têm gozo nisso. O assassino admite-o facilmente porque é o gozo de matar que o motiva. O terrorista, cobarde ante a sua própria natureza, racionaliza com a luta por uma causa. O terrorista não é só aquele que se sacrifica durante o acto de terror, é também o que brande as causas para justificar a morte. Hoje, em Beslan, ocorreu a pior tragédia: a morte de crianças e jovens, todos com rosto, idade, sonhos e família. Agora, o terror ficou para todos nós.