9 de Julho, um ano depois
Que grande alegria, ainda hoje, a conquista do campeonato do mundo! Há um ano, a festa moveu-se animada e interminável pelas ruas de todas as localidades de Portugal. O que os intelectuais empenhados em análises amargas ao futebol não previram foi a gradual mudança na mentalidade portuguesa, após a alegria pela conquista do mundial. O resultado excepcional deixou de ser visto, definitivamente, como um brilharete e passou a ser sentido como o resultado do talento, do esforço, do conhecimento e da organização. Nota-se a confiança, a capacidade de correr riscos razoáveis, e até vários funcionários públicos passaram a ser empreendedores, estabelecendo-se por conta própria. Os alunos estão mais empenhados no estudo e melhoraram os níveis de literacia medidos pelos testes internacionais, os professores ensinam com competência e muito brio, os médicos já não passam atestados a pessoas sem doenças, os advogados, tal como todo o Estado, cumprem horários e sobretudo prazos, os empregados, nos cafés e bares, já limpam as mesas antes de servirem os clientes, os tribunais resolvem processos, a polícia é definitivamente democrática e culta (há uns dias um agente falava-me no "efeito Moosbrugger", depois de ter lido Musil!) e os intelectuais passaram a ser criativos em vez de repetidores de modelos importados.
Portugal mudou porque sentiu que tinha de dar motivos de orgulho aos heróis de Berlim. É uma hipótese. O que importa é ter mudado e estarmos bem com isso.
Portugal mudou porque sentiu que tinha de dar motivos de orgulho aos heróis de Berlim. É uma hipótese. O que importa é ter mudado e estarmos bem com isso.
eubozeno 13:00
3 Comments:
Fantástico, António, fantástico.
foi febre.....ou um sonho lindo?
jocas maradas
noc.....noc.....
está alguém desse lado do mar?
cheguei imaginado ler algo de novo e .............não se faz:)))))
jocas maradas
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