Ler
Ler talvez amadureça o espírito, daí que só alguns livros merecem uma leitura atenta e plena, como referiu Bacon*.
Ler talvez seja essa comunicação solitária entre um autor e um leitor que leva este a novas significações, no fundo à oscilação entre a leitura e a escrita, tal como abordou Marcel Proust**.
Ler talvez seja um bom projecto para distrair a morte, seguindo na esteira de Santos Passos.
Um velho com a instrução primária e com o corpo cansado de tanto contrabando em noites gélidas sem luar manifestou-me a vontade de ler. Ofereci-lhe Por Quem Os Sinos Dobram, de E. Hemingway, no dia do seu aniversário. Em quinze dias leu-o. Durante esse tempo comentou-o com os familiares e vizinhos, o que rivalizava com a emissão omnipresente das telenovelas. Seguiu-se, até ao momento, um conjunto de mais cinco títulos que lhe emprestei e já leu: O Velho e o Mar (E. Hemingway), A Pérola (J. Steinbeck), Crónica De Uma Morte Anunciada (G. García Márquez) e Crónica do Rei Pasmado (Gonzalo Torrente Ballester). Um bom contrabandista sabe que não escapa sempre, mas também sabe como iludir quem tem a missão de o apanhar.
*Bacon, F. (1992). Ensaios. Lisboa: Guimarães Editores.
**Proust, M. (1998). Sobre a Leitura. Lisboa: Vega.
Ler talvez seja essa comunicação solitária entre um autor e um leitor que leva este a novas significações, no fundo à oscilação entre a leitura e a escrita, tal como abordou Marcel Proust**.
Ler talvez seja um bom projecto para distrair a morte, seguindo na esteira de Santos Passos.
Um velho com a instrução primária e com o corpo cansado de tanto contrabando em noites gélidas sem luar manifestou-me a vontade de ler. Ofereci-lhe Por Quem Os Sinos Dobram, de E. Hemingway, no dia do seu aniversário. Em quinze dias leu-o. Durante esse tempo comentou-o com os familiares e vizinhos, o que rivalizava com a emissão omnipresente das telenovelas. Seguiu-se, até ao momento, um conjunto de mais cinco títulos que lhe emprestei e já leu: O Velho e o Mar (E. Hemingway), A Pérola (J. Steinbeck), Crónica De Uma Morte Anunciada (G. García Márquez) e Crónica do Rei Pasmado (Gonzalo Torrente Ballester). Um bom contrabandista sabe que não escapa sempre, mas também sabe como iludir quem tem a missão de o apanhar.
*Bacon, F. (1992). Ensaios. Lisboa: Guimarães Editores.
**Proust, M. (1998). Sobre a Leitura. Lisboa: Vega.
eubozeno 22:19
1 Comments:
Se ele continuar a escapar, vai devorar uma biblioteca.
Fantástica, essa história.
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